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sábado, 30 de junho de 2012

Todos os Papas: 11 - Santo Aniceto (Mártir. Papa de 155 a 166)


Aniceto (Anicetus, em latim ) foi o décimo primeiro papa católico, cujo papado durou 11 anos durante o século II, sucedendo a São Pio  I. Nesta época os papas eram provenientes de famílias humildes da população e ser eleito para este serviço era ser encaminhado para o martírio.
Etimologicamente seu nome, de origem grega, significa homem de grande força.
Provavelmente nasceu em Emesa, atualmente Hims, na Síria. O governo deste Pontífice coincide com o  governo  do  imperador  romano Antônio. Apesar de ignorar-se mais detalhes da sua vida pregressa, da mesma forma que a maioria dos papas dos primeiros séculos cristãos, tradicionalmente ele é considerado de perfeita inteligência e santidade de vida.
Em seu papado combateu firmemente várias doutrinas heréticas que chegaram a ameaçar a existência da Igreja. Também ocorreram cismas internos que abalaram o cristianismo. Embora a Igreja seja edificada   sobre um rochedo, muitos foram os fiéis que abandonaram a verdadeira fé, em busca da ilusão de  seitas  heréticas.
Como papa, Aniceto destacou-se por ter sido o primeiro papa a condenar oficialmente uma doutrina como heresia, o montanismo.
Montanismo: Heresia dos séculos I e II, formada por seguidores de Montano. Montano começou sua pregação no ano 172, apresentando-se como um iluminado com o dom da profecia, enviado por Deus. Entre seus discípulos estavam figuras de prestígio, como Tertuliano, que o consideravam como o Paráclito prometido por Cristo, título este que o próprio Montano se autoconcedeu. Afirmava que Jesus Cristo não havia revelado tudo aos homens, mas que tinha dito aos Apóstolos que teria muitas outras coisas a ensinar-lhes, pois não estavam capacitados para entendê-las; essa tarefa tinha sido, assim, conferida a ele, Montano. Os primeiros montanistas não alteraram a doutrina católica, porém foram aos poucos caindo em excessos tais como: a negação da absolvição aos que tinham cometido pecados graves (p.ex.: apostasia e adultério); rejeição do matrimônio e das relações conjugais (considerando que apartavam das visões proféticas; Tertuliano chega mesmo a condenar as segundas núpcias); condenação, como diabólico, do parto das mulheres; rejeição da filosofia, artes e letras.
Combateu o Gnosticismo, o racionalismo cristão, doutrina que pregava uma supervalorização do conhecimento, considerando-o isso o bastante para se alcançar a Salvação. Desta forma, os méritos de Cristo, os sacramentos e a graça do Senhor eram desprezados.
Também lutou incessantemente contra o herege Valentim, que causou um enorme prejuízo ao rebanho de  Cristo.
Os gnósticos valentinianos foram seguidores de Valentim, que ensinou em Roma entre os anos 138 e 158. Os valentinianos tinham uma visão negativa da criação, negavam a encarnação, a morte e a ressurreição de Cristo e defendiam a substituição dos sacramentos por ritos gnósticos mágicos.
Aniceto ainda combateu outros inimigos da Santa Igreja, como os integrantes da seita dos  Carpocratitas, fundada por Marcelina, a  qual levou muitas pessoas  a apostasia; outro era Marción, herege com dons de publicitário, que pregava a heresia entre os cristãos durante muito tempo. 
É possível que Marcião (Marción) fosse filho de um dos primeiros bispos de Sinope, uma diocese da Ásia Menor, de onde Marcião era originário. Há quem suponha (baseando-se na conhecida habilidade de Marcião para citar as Escrituras) que ele fosse um bispo renegado pela Igreja. Qualquer que fosse o caso, o certo é que Marcião deu origem a uma das mais persistentes heresias de seu tempo e, para isso, fez uso, pela primeira vez, de certas armas que todos os cristãos dissidentes empregariam no futuro até os nossos dias. Marcião sustentava, como muitos vieram a fazer desde então, que o Deus do Antigo Testamento era vingativo e colérico, que não podia corresponder à mansa e amorosa pessoa de Jesus. A partir de então, desenvolveu uma doutrina dualista que sustentava a existência de duas divindades, uma má (a do Antigo Testamento) e outra boa (a do Novo Testamento).
Apostasia: enfraquecimento ou perda da fé gerando confusão e divisão.

Todos eles formaram seitas paralelas dentro do catolicismo, dividindo e confundindo os fiéis e até colocando-os contra a autoridade do papa, desrespeitando a Igreja de Roma.
O Papa Aniceto envidou todos os  esforços para impedir o progresso da  obra do inimigo e reconduzir todos os cristãos iludidos pelos discursos dos heréticos ao seio da Igreja.
No embate contra estas doutrinas racionalistas contou com a ajuda, além do apoio divino, do filósofo cristão São Justino e do bispo Policarpo, discípulo de  São João Evangelista.
Nesta oportunidade, em que Policarpo estava em Roma, foram discutidos aspectos disciplinares que atormentavam a unidade da Igreja.
Uma divergência ocorreu entre Policarpo e Aniceto quanto ao tempo da celebração da Páscoa. Os cristãos do Oriente comemoravam a Páscoa com os  Judeus, seguindo a tradição joanina. Os cristãos do ocidente pretendiam continuar a tradição de Pedro. Policarpo queria que se adotasse o uso da Igreja asiática, mas não conseguiu  esta padronização. Aniceto era de opinião que não devia ser abolido um costume introduzido por S. Pedro. Entretanto, deixou aos cristãos orientais toda a  liberdade na celebração da Festa da Páscoa como era costume desde os dias  de  São João Evangelista. 
Santo Hegesipo foi outro auxiliar de Aniceto, que dirigiu forte campanha contra as  heresias. Em um livro por ele escrito sobre a tradição, provou que a doutrina foi conservada e ensinada, sem a mínima alteração, desde o tempo dos Apóstolos até o Papa Aniceto. Esta constatação irrefutável foi motivo de conversão de muitos hereges.
Aniceto proibiu ainda os padres de deixar crescer o cabelo, para este não ser um motivo de vaidade.
Acredita-se que Aniceto tenha sido martirizado, mas não há provas históricas do evento. Certo é que sofreu inúmeras e incessantes perseguições do império. Mas, como foram tantos os sofrimentos e aflições pela causa de Cristo, que  a  Igreja   lhe conferiu  o título  honroso de  mártir.
Santo Aniceto como Santo Papa, logo Pastor Fiel do Povo de Deus, procurou através do ensino da Sã Doutrina encaminhar a todos para a Verdade.
A data de sua morte também é incerta, mas atribui-se que seja no dia 16, 17 ou 20 de Abril do ano de 166. Oficialmente, sua comemoração é no dia 17 de Abril. O seu corpo foi sepultado nas escavações que depois se transformaram nas catacumbas de São Calisto, na Itália. Esta foi a primeira vez que este fato ocorreu com um bispo de Roma.
A relíquia de sua cabeça foi entregue ao arcebispo de Munique, Minucius, em 1590, e é venerada na igreja dos jesuítas na cidade. O restante continua no sarcófago do altar principal da capela do Pontifício Colégio Espanhol em Roma, desde 1910. Na abóbada está pintada guirlandas entre querubins a apoteose de Santo Aniceto subindo para o céu.
Foi substituído pelo napolitano São Sóter ou Sotero (166-175).

Sites consultados:
http://www.es.catholic.net